quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Morais Sarmento, o africanista



" Num anterior post mostrei o Hotel que o ex-ministro Morais Sarmento tem na praia do Tofo, em Moçambique. Um familiar do antigo proprietário, o empresário moçambicano Zaid Aly, disse-me que o Hotel foi vendido por bom preço por estar junto à praia, cuja costa tem grandes problemas de erosão. "Não vai durar muito", realçou. O Hotel está muito perto da areia da praia, havendo entre eles um declive de dois metros de altura. Pensei para com os meus botões: "Morais Sarmento não deu por isso?" Como se junta uma boa compra a um grande problema e sair a ganhar? Resolvendo o ponto negro do negócio: a erosão. A solução tem contornos intercontinentais. Neste momento está na Praia do Tofo o Eng.º Silva Pinto, o técnico que fez os estudos da construção do paredão nesta praia há várias décadas e que protegeu a orla marítima da erosão durante muito tempo. Hoje, há apenas vestígios e o mar avança terra adentro.
Morais Sarmento disse à imprensa moçambicana que o Eng.º Silva Pinto "pretende colaborar com as autoridades locais a encontrar uma solução para a grave situação de erosão" no Tofo. Numa perspectiva empresarial, para a zona do seu Hotel e arredores. E quem está com o ex-ministro da Presidência do PSD? O ex-ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente também do PSD. Isaltino Morais vai estar em Inhambane e no Tofo ainda esta semana. O actual presidente da Câmara de Oeiras vai preocupado. É notório. Presume-se que foi desde que Morais Sarmento, seu amigo e colega, o informou da situação. Por isso, vai ajudar o Município de Inhambane a proteger a praia do Tofo, que fica a 22 quilómetros da cidade.
Mas falta o dinheiro. De onde vem o capital? Aqui o círculo começa a fechar-se. Acontece que o eng. Pinto Teixeira tem o pelouro da África Austral na Comissão Europeia. Nesta condição, vai sensibilizar Bruxelas e pedir fundos que permitam salvar um dos santuários turísticos de Moçambique. Morais Sarmento disse à imprensa moçambicana que Pinto Teixeira "é uma pessoa sensível a questões ambientais." Final da estória: os três portugueses passam a salvadores da Praia do Tofo e Morais Sarmento, como bónus, fica com um Hotel a valer muitas vezes mais. Genial. Mas o ex-ministro não pára. Já está a preparar novas iniciativas empresariais, depois de ter perdido a "Casa do Capitão", em Inhambane, para uma empresa de capitais moçambicanos e sul-africanos. Ao cair nas boas graças do poder local e central, Morais Sarmento tem o Tofo à sua disposição. E não só. Em breve se saberão mais notícias deste novo africanista, capitalista "da amizade, da lusofonia e da CPLP." A questão politica que se põe é: no seu hotel, e nos "futuros empreendimentos", Morais Sarmento fará escola ao ensinar à juventude social-democrata os caminhos do grande “business”? É óbvio que o futuro está nas novas gerações. E que o poder, além de ser um afrodisíaco potente, é também gerador de empresários de sucesso, como se vê. Porque será"

Post de António Oliveira.

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