sábado, 29 de setembro de 2007

Kiwi!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Massive Attack - Angel - Lisboa 2007

Foi...

visual
gradual
silêncioso
intenso
tenso
liberto

bolinhas de sabão!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Segunda Feira



Massive Attack.
Os bilhetes já estão no bolso. yeh!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

There is something about it




Klimt
Tree of Life

Mudanças

Tudo muda, tudo se transforma, é sabido.
Quando à um tremor de terra, violento, a reconstrução é lenta e faz-se passo a passo. Há momentos em que pensamos que nada se vai conservar no meio dos escombros, nada ficou de pé e em nada vemos esperança muito menos confiança que vamos conseguir não tornarmo-nos pó.
Depois..
Depois chega o momento que das cinzas aproveitamos o pó para o misturar na argila, moldar. Num momento de distração, algo de original e nunca pensado saí dali. E agarramo-nos a esse momento acreditando que pode ser possivel com criatividade, lucidez e vontade, reconstruir. Ou melhor. Criar de novo.

sábado, 8 de setembro de 2007

Numa manhã de nevoeiro

A – Bem!, está cá um nevoeiro!
B - Ia. Daqui a pouco aparece o D. Sebastião.
C – Nesse caso é melhor não nos virarmos de costas.
B – Porquê? O D. Sebastião era paneleiro?
C – Claro que sim!
B – Porque é que dizes isso?
C – Ouve, o gajo ao invés de ficar a comer cortesãs em Lisboa foi levar dos árabes para o deserto! Com tais prioridades, só posso concluir que era paneleiro!
B – Visto por esse prisma...
C – Ah pois!, meu amigo. Não tarda nada e aparece aí a enrabar-nos aos 3.
B – Nesse caso eu fico para último. Pode ser que lhe passe a vontade depois de vos aviar aos 2.
C – Hum, com 500 anos de espera, acho que não te safas.
A – Ah, não te safas não! Habituado a rabinho castanho, apanha aqui 3 rabinhos brancos...
C – E tu até és o mais rechonchudinho. Tu és logo o primeiro.
A – Ficas todo assado.
C – Até tens direito a uma maçã na boca!, que é para a coisa se fazer com algum protocolo.
A – Pois; que foi aquilo que ele não teve quando se lembrou de ir para o deserto.
B – Mas afinal porque é que ele foi para o deserto?
C – Acho que sofria de taquicardia.
B – O quê?
C – Foi para o deserto a ver se se curava.
B – Vai à merda.
C – Então pá? Tens de encarar a história com criatividade! E é muito mais giro dizer isto que contar simplesmente que foi atrás de uma coisa que já não existia.
A – O que aliás se revelou uma tremenda burrada.
C – Sim; principalmente porque toda a gente sabe que o ar do deserto é péssimo para as taquicardias.
B – Se calhar foi por isso que ficou por lá!
C – Na volta não era só paneleiro. Era também masoquista.
A – Foi um desperdício, é o que foi.
B – De homens, não foi?
A – De recursos!
C – Pois claro; onde é que já se viu um homem com tão pouca saúde ir gastar a pouca que lhe restava no deserto?
B – Mas ele era doente?
C – Já te disse! Sofria de taquicardia!
B – Oh.
A – A sério! Foi quase tão mau para a saúde dele como foi para nós a restauração da independência.
B – Para nós?
A – Sim, para Portugal! Já olhaste bem para a Espanha? Não te parece que estávamos bem melhor como espanhóis?
B – Mas a independência é um feito histórico!
C – Também o Nazismo.
B – Não podes comparar.
C – Não comparo. Só acho que o gajo que se lembrou da restauração tinha os amigos errados.
A – Não foi um gajo, foi uma gaja.
B – Uma gaja?
A – Sim, uma coxa que batia no marido. Mas não sei se era da família do último gajo.
B – Qual último gajo?
C – O paneleiro.
B – O D. Sebastião?
C – Sim, o que perdeu a independência!
A – Pois. O paneleiro.
B – Mas porque é que vocês dizem que ele era paneleiro?
C – Não se casou, pois não?
B – Também era novo!
C – Mais uma razão para ficar cá a comer gajas nuas ao invés de mouros montados.
A – Aliás, foi o facto deles estarem montados que o atraiu para lá!
C – E tu ainda duvidas que ele era paneleiro?
B – Parece-me que vocês estão a exagerar. Falem-me mas é da restauração. Foi uma gaja, foi?
A – Quer dizer; tivémos um rei.
C – Sim, mas ela é que usava as calças.
A – Sim; ele andava de saias.
C – Andava de saias?
A – Andavam todos de saias.
B – Porquê? Não havia alfaiates?
C – Claro que havia! Caso contrário quem é que faria as saias?
A – Ó miúdo; era uma questão de moda!
B – Não havia calças?
A – Sim. Mas eram tipo collants.
C – Portanto, também era uma coisa assim meio bicha.
B – Estou a ver que naqueles tempos ser bicha tinha saída.
C – Podes crer. Pelo menos para a fogueira da inquisição tinha uma saída garantida.
B – Mas andavam todos de saias?
A – Não. Alguns andavam de collants.
B – Mas devia haver calças sem serem collants, não?
A – Sim. A plebe andava com calças. Mas era sarrapilheira. Era péssimo. Dava cabo dos tomates.
C – Se calhar é por causa disso que os tomates são enrugados!
A – Men, isso não faz sentido nenhum. A sarrapilheira não faz rugas na pele; assa-a mas é!
C – Bom, mas nesse caso deviam ser bem rijos!, para resistir à fricção!
B – Isso não devia dar jeito nenhum na cama; vocês já imaginam os colhões a bater em cheio? Devia ser uma dor do caraças para as mulheres, ali uma coisa a fazer bonc bonc bonc.
C – Tipo caixa de música.
B – A não ser que as mulheres nessa altura também fossem rijas das partes baixas!
C – Nesse caso a coisa seria mais tipo castanholas.
B – Os filmes porno passavam a vender as bandas sonoras.
A – Ó malta; é sexo não é uma orquestra.
B – Bem, mas eu quando me venho até canto!
C – Ia; o miúdo tem razão, existem algumas semelhanças.
A – Sim, lá isso é verdade. No entanto, acho que não iria gostar, com aquilo sempre a bater, acabaria por se tornar irritante. Faz dores de cabeça!
C – Isso não é garantido. Hoje em dia não bates castanholas e mesmo assim elas queixam-se de dores de cabeça.
B – Pelo menos já teriam razões para ter dores de cabeça!, com aquela merda sempre a fazer bonc bonc bonc.
A – Lá nisso tens razão.
B – Olha que se a Igreja tem descoberto isso, tinham a luta da castidade ganha.
C – Pelo menos até aparecerem aspirinas!
A – Isso seria diferente. Um tipo para foder tinha de tomar drogas.
C – Isso iria mudar radicalmente a visão que a sociedade tem das drogas.
A – Ou do sexo!
C – Seja como for, isso é que seria uma diferença.
B – Olha!, vem lá a nossa boleia.
A – Já não era sem tempo. Estou gelado.
C – Ia. Está um frio!
A – Daqui a bocado estou a bater castanholas com os dentes.
B – Pena que não seja como dantes; se fosse, a esta hora, estavas a ter um orgasmo.

Luri Brás Tempo, "Contos Falados"